Marco Ruediger - A Semana Política

O fato do PSDB ter voltado a se aproximar do PMDB de uma maneira muito expressiva acabou criando uma briga pela alma do partido, inclusive em termos ideológicos e pragmáticos para a eleição do ano que vem. O PSDB vive uma crise de imagem, uma crise ética. A desunião do partido vai permanecer e vai marcar a pré-campanha.

Os políticos não sugerem a alteração no sistema fortuitamente, já que eles irão participar do novo modelo. É importante perceber que a proposta visa a perpetuação dos parlamentares.

Edição que celebra a milésima publicação foi pensada como uma homenagem ao jornalismo. Além de política, a revista traz lembranças sobre casamento gay e a guerra às drogas. Levar esses e outros temas polêmicos ao público ajudou muito a quebrar tabus.

Para comemorar a edição de número 1000, a revista Época traz uma reportagem especial sobre as grandes matérias já publicadas e que tiveram grande efeito no público. A mais recente delas foi a entrevista exclusiva do empresário Joesley Batista, que aumentou ainda mais as suspeitas sobre o presidente Michel Temer.

O doleiro, que é ligado a Eduardo Cunha, conseguiu juntar muitos documentos e provas de crimes envolvendo gente graúda do PMDB e funcionários públicos. A discussão agora é em relação aos benefícios que serão concedidos ao delator. A delação ajuda a montar o quebra-cabeça que vem sendo exposto.

Apesar de terem sido eleitos pelos brasileiros, parlamentares não votam matérias de interesse da população. E o 'distritão' é a representação disso: uma ferramenta para facilitar a reeleição de quem já está lá.

Quatro itens de reforma política estavam na discussão da Câmara. A cláusula de barreira e o fim das coligações para eleições proporcionais são medidas importantes para melhorar o sistema político. Já o distritão e o financiamento público de campanha são importantes para os deputados na tentativa de reeleição.

Nesta segunda-feira, o presidente se encontrou com o prefeito de SP, João Doria. O PSDB deixou claro que a posição sobre a denúncia contra Temer não tinha a ver com a aprovação das reformas.

Presidente deverá enfrentar outras duas denúncias de Janot, além de delações de Funaro e Cunha.

Muitos deputados que votaram a favor de Temer fizeram isso dizendo que era por causa da economia. No entanto, essa é uma tese duvidosa. No momento, Temer talvez não seja uma solução para a economia. Muitos empresários e economistas acham que o presidente é mais um fator de instabilidade do que estabilidade. O que se teme é que tudo que já aconteceu se repita com a possibilidade de outras duas denúncias.

Há comprovantes bancários e notas fiscais que implicam o peemedebista desde 2010. Os documentos mostram que a relação entre Temer e Joesley Batista era monetária e chegou a R$ 21,7 milhões desde aquele ano. Outros políticos da base aliada também estão envolvidos de forma constrangedora.

Dinheiro vivo, notas fiscais frias, doações oficiais... A corrupção funcionava de todas as formas possíveis. Métodos usados pela empresa começam a vir à tona.

Em meio à prisão do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, o publicitário André Gustavo é um personagem que não pode ser menosprezado. Na verdade, ele é uma espécie de 'Marcos Valério de Pernambuco' e já apareceu em outras investigações.

Em termos de delação, duas podem definir o futuro político de Temer e de parte do Congresso. Uma é a de Eduardo Cunha e a outra de Lúcio Funaro. Essa semana é importante em termos de reuniões. Cunha ocupava uma posição estratégica dentro do grupo político de Temer e Funaro era uma espécie de ‘pagador’.

A revista Época teve acesso a áudios inéditos dos julgamentos secretos de presos políticos pelo Superior Tribunal Militar. Esses arquivos mostram como réus eram condenados ou absolvidos de acordo com os interesses do regime.