#317 A Mestra do chinelo




Sobre Budismo show

Summary: Olá, aqui é o Leonardo Ota!  Eu vou te contar uma história. Eu moro em um condomínio e uma vizinha minha sempre deixa os chinelos para fora do apartamento. Eu moro no mesmo apartamento há aproximadamente 3 anos, e eventualmente, quando nós saímos de casa, acabamos encontrando os vizinhos. Quando encontramos com essa vizinha no elevador, corredor, eu e minha esposa sempre cumprimentávamos ela: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”. E eu achei interessante que ela só olhava e dava um sorrisinho meio sem graça e passava por nós, nunca falava nada.  Aí eu fui fazendo aquilo uma vez, duas vezes, três, quatro, cinco, aí um dia eu falei “ah, quer saber? A pessoa não quer cumprimentar de volta, tem que respeitar todo mundo, né. Mas eu não vou mais cumprimentar não, se eu passar por ela, passei e tudo bem”. E por que eu digo “Mestra do Chinelo”? Porque ela sempre deixa os chinelos dela para fora do apartamento, às vezes dois, três pares, sapatos também. E, para não falar o nome dela - mesmo porque eu nem sei o nome dela, já que ela nunca respondeu meus cumprimentos - eu resolvi chamá-la de “Mestra do Chinelo”. E por que dei esse nome: “Mestra do Chinelo”? Você já vai entender! O meu Sensei contou uma história de uma pessoa ia na banca de jornal todos os dias e dizia, “Bom dia, seu João” (não vou me lembrar agora o nome do jornaleiro, vou chamar de João), “Como o senhor está?” “Tudo bem com o senhor?”. E o jornaleiro sempre seco, só entregava o jornal e o rapaz ia embora. Todo dia a mesma coisa. E uma vez um amigo dele estava junto e percebeu isso. E falou para ele: “nossa, esse senhor aí você cumprimenta todos os dias, na maior empolgação, com toda a educação, cuidado, e ele nunca te responde. Por que você faz isso, se ele nunca te responde?”  E o rapaz respondeu: “porque eu não quero ser como ele. Eu não vou deixar o humor dele afetar o meu humor. Se ele vai responder ou não, eu não me importo. Eu quero tratá-lo bem!” É a mesma coisa com a Mestra do Chinelo. Por que? Porque independente se ela vai me responder ou não, eu não vou deixar de cumprimentar outras pessoas por uma atitude de alguém que não tem essa mesma atitude. Às vezes a pessoa não quer te cumprimentar, ou é tímida, e nós devemos respeitar o espaço do outro.  Então a Mestra do Chinelo, na verdade, está me dando uma grande lição. Porque a gente pode ver as coisas da vida como um problema. A gente pode reclamar “nossa, que pessoa mal educada, nem cumprimenta!”. Você não está respeitando o espaço do outro.  Se você olhar como uma oportunidade de prática do Dharma, você pode praticar todos os dias em todos os lugares, em qualquer situação. Então eu não posso deixar de ter educação, cuidado, respeito por outras pessoas, por causa dela. Ela está me dando um grande ensinamento, na verdade, para eu continuar fazendo isso, de cumprimentar ou não. Nós não podemos deixar que os outros nos arrastem para um aspecto que talvez seja contra o que a gente acredita ou seja negativo, nós não podemos deixar nos levar por isso. Na verdade, nós temos que exercer alguma coisa positiva no mundo e ser um exemplo. Se as pessoas ao nosso redor vão fazer aquilo ou não vão, não importa! O que importa é o que você está fazendo, como você está agindo.  Porque tem aquela coisa “ah, mas o mundo…” eu vi no instagram do Sobre Budismo esses dias “ah mas porque o mundo é tão negativo, tão ruim, é muito difícil ser bom”.  Ah, então quer dizer que, porque o mundo é ruim você vai ser ruim? Você vai ser preguiçoso e não vai praticar, não vai treinar a sua mente? “Ah, tá todo mundo fazendo, tá todo mundo maltratando os outros eu vou maltratar também”.  Nós devemos exercer o nosso papel, nós devemos nos posicionar.  Eu aspiro que você tenha aprendido alguma coisa também com a Mestra do Chinelo, que essa experiência possa te trazer algum insight, algum ponto de vista para você transportar isso que eu aprendi que estou agora compartilhando com você. Que